terça-feira, 4 de dezembro de 2012

João Pé-de-Chinelo na estrada!



Reciclando Conceitos

Salve Ribeirão Preto, Manjericão na área!!





AMAZÔNIA EM CENA NA RUA

Sempre muito importante na vida dos Manjericões!!



PROGRAMAÇÃO


"Olha eu aqui... sonhando de novo!"
Márcio Silveira, palhaço Xuxuzinho em
O Dilema do Paciente
 foto Rodolfo Araújo

Ao  grupo Manjericão

Sofisticada estrutura narrativa
* Por Flavio Melo

Nesta quarta feira dia onze de novembro de 2009, tive a honra de assistir o grupo Manjericão, do Rio Grande do Sul, com a apresentação do espetáculo “O Dilema do Paciente”, apresentado na 4ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas na cidade de São Paulo - SP, Vale do Anhangabaú.
Dentre tantas coisas boas, fui impressionado já com a chegada dos artistas no Vale, os figurinos alegres e bem elaborados, as musicas tocadas ao vivo e a criativa forma de carregar seus instrumentos, já dispostos para tocar, pude apreciar uma sofisticada proposta de estrutura narrativa destacada de todos os outros elementos bons contidos na peça.
No primeiro momento, a peça é apresentada aos espectadores como uma simples forma narrativa, um ator interpretando um palhaço, pouco texto literário e muito texto gestual. Assim segue durante a primeira cena. O que tem isso de sofisticado? Nada, até que entra um terceiro personagem, um ator interpretando um médico. Ambos com nariz.
Neste momento, é revelada a forma narrativa que vou chamar de desnuda, explicita e assoalhada. Com a entrada deste terceiro, o que era simplesmente um ator interpretando um palhaço se mostra um ator em pleno exercício de distanciamento potencializado. Ator atuando sobre uma palhaço que reafirma sua condição de ator igualando-se aos espectadores e transeuntes daquela praça e todos os seres humanos que se encontram na mesma situação narrada, agora com maior utilização dos recursos literários e sem abrir mão do texto gestual, altamente rico.
O que chama atenção é a forma com que tudo isso acontece, um processo dinâmico de atuação revelando a cada instante o momento da ficção e o da realidade sempre caminhando entre um e outro como quem caminha sobre o fio de uma navalha, prestes a cair e seja qual for o lado da queda, é possibilitado que o público acompanhe e se veja na situação proposta, aumentando possibilidade de reconhecimento e formação de opinião crítica através da peça encenada, que aliás me parece enfatizar essa relação em que o espectador também é ator e vice versa. Real processo de dialética proporcionado pela imagem som e capacidade lúdica dos artistas e do público.
A forma com que o teatro de rua se propõe em sua atuação política reveladora das questões sociais, amplamente relacionada com o espaço e questões estéticas que refletem, quase sempre, a situação do povo brasileiro, esta intimamente ligada numa de contem esta contido na peça em questão. Tomara que sempre encontre nas peças de teatro de rua do Brasil a mesma clareza, empenho e felicidade no trabalho proposto.

Att.

* Flavio Melo, coordenador, ator e diretor do Grupo Teatral Nativos Terra Rasgada, de Sorocaba. Pesquisador de políticas públicas de cultura, teatro popular e projetos de descentralização teatral em Sorocaba. Professor de teatro na ETAC – Escola Técnica de Arte e Cultura de Sorocaba.