quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CARTA DA POROROCA

O Seminario amazonico gerou a Carta da Pororoca documento que contem as principais reivindicações do pessoal do norte, e que tem o pleno apoio de todos os integrantes da RBTR de todo o Brasil.
Carta da Pororoca
Rede Teatro da Floresta busca uma biopolitica construída por artistas/articuladores do Teatro da Amazônia. A Rede entende que o Brasil, com todas as suas instituições e mecanismos de políticas culturais para as artes do teatro, não poderá continuar míope quanto aos artistas do norte do país e suas poéticas e procedimentos cênicos, e principalmente, deixar de reconhecer o que significa o CUSTO AMAZÔNICO do fazer cultural/teatral em nossa região, implicando uma compreensão das dimensões histórica, geográfica, sócio-política, econômica e imaginária de nossa terra e tribos.

Quais são as ruas desses encontros de redes em Rondônia?

O asfalto, uma estrada de piçarra, uma trilha de mata, um igarapé, uma beira de rio, um alto-mar de água doce, o alto de um barranco, a profundeza de uma gigantesca cova de extração mineral, um “Q” de pedaço de céu aberto. Todas essas ruas são de uma “lonjura” e de uma largura amazônicas, que implicam custos tão imensos, do tamanho dessas geografias.

Nessas ruas, há sempre um teatro-troca entre artistas-índios, artistas-quilombolas, artistas-árabes, artistas-orientais, artistas-brancos – todos misturados como uma encantaria. Todos esses “imaginados”, “imaginários”, “reais” – fazedores de teatro – apresentam-se compondo o Teatro da Floresta, que associados a RBTR – Rede Brasileira de Teatro de Rua – criaram neste evento de Teatro de Rua, um fenômeno singular: a primeira POROROCA (encontro) de duas grandes redes de teatro do Brasil.

Juntos, nós teatreiros deste Brasil da diversidade, queremos reivindicar ações efetivas com o objetivo de construir políticas públicas para o teatro, mais democráticas e inclusivas, tais como:
Que os editais sejam regionalizados e sejam criadas comissões igualmente regionalizadas e indicadas pelos artistas, bem como a criação de mecanismos de acompanhamento e assessoramento dos artistas-trabalhadores e grupos de Teatro da Floresta;

Que dentro desta compreensão de regionalização, possa a Rede Teatro da Floresta, com transparência de critérios, gerir com autonomia a distribuição da verba destinada aos editais do setor para região Amazônica.

Que o MINC crie três representações do próprio Ministério, com escritórios da FUNARTE, iniciando desta forma a expansão pela região norte na perspectiva de abrangência de todo território brasileiro.

Com vistas ao reconhecimento do custo amazônico (em anexo), garantido nas principais diretrizes da 2ª Conferencia Nacional de Cultura. se faz necessária a criação de programas específicos que contemplem, na perspectiva de uma reparação: a produção, circulação, formação, registro e memória, manutenção, pesquisa, intercâmbio, vivência, mostras e encontros do Teatro da Floresta.

A aprovação e regulamentação imediata da PEC 150/03 (atual PEC 147), que vincula para a cultura, o mínimo de 2% do orçamento da União, 1,5% no orçamento dos estados e Distrito Federal e 1% no orçamento dos municípios;

Reformulação da lei 8.666/93 das licitações, convênios e contratos, com a criação de um capítulo específico para as atividades artísticas e culturais, que contemple nas alterações, a extinção de todas e quaisquer formas de contraprestação financeira, considerando que o trabalho artístico de rua já cumpre função social.

A extinção da Lei Rouanet e de quaisquer mecanismos de financiamentos que utilizem a renúncia fiscal, por compreendermos que a utilização da verba pública deve se dar através do financiamento direto do Estado, por meios de programas e editais em formas de prêmios elaborados pelos segmentos organizados da sociedade;

Criação de um programa interministerial (exemplo: MINC/MINISTÉRIO DAS CIDADES) em parceria com os Estados e Municípios para a construção e/ou reforma de espaços públicos (praças, parques e outros), adequando-os as necessidades dos artistas e trabalhadores das Artes de Rua, além da inclusão imediata destes espaços no programa de construção dos equipamentos culturais do PAC.

Que os espaços públicos (ruas, praças, parques, entre outros), sejam considerados equipamentos culturais e assim contemplados na elaboração de editais públicos, Plano Nacional de Cultura e outros;

Garantir a aplicação dos recursos obtidos através da extração do petróleo na região pré-sal, a extração de minérios e usinas hidroelétricas da Amazônia, para o Teatro da Floresta.
A criação de um programa nacional de ocupação de propriedades públicas ociosas, para sede do trabalho e pesquisa dos grupos de teatro de rua;

A extinção de todas e quaisquer cobranças de taxas, bem como a desburocratização para as apresentações de artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins, garantindo assim, o direito de ir e vir e a livre expressão artística, em conformidade com o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira;

Que os editais para as artes sejam transformados em leis para garantia de sua continuidade, levando em consideração as especificidades de cada região (ex: custo amazônico);

Que quaisquer editais públicos ou privados tenham maior aporte de verbas e que seja publicada a lista de projetos escritos, contemplados e suplentes, e a divulgação de parecer técnico de todos os projetos avaliados, para garantir a lisura do processo;

Promover o maior intercâmbio entre o Brasil e demais países da América Latina, através de programas específicos (exemplo: países que integram a Amazônia internacional);

Exigimos o apoio financeiro da FUNARTE aos Encontros Regionais, Nacionais e Internacionais, no valor equivalente ao montante que é repassado àqueles realizados pela Associação dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

Propomos como indicativo a inclusão nas Universidades, instituições de ensino e escolas técnicas, matérias referentes ao estudo do Teatro de Rua, da Cultura Popular Brasileira e do teatro da América Latina, bem como estas IES garantam o registro e a constituição histórica da diversidade cênica do Teatro da Floresta e obrigatoriamente um estudo do imaginário da Amazônia.

A valorização e financiamento das publicações e estudos de materiais específicos sobre teatro de rua e manifestações tradicionais Amazônicas, inclusive as contemporâneas, respeitando sua forma de saber enquanto registro.

Que o MINC realize uma reforma na diretoria de Artes Cênicas da FUNARTE, transformando as atuais coordenações em diretorias setoriais de Teatro, Circo e Dança.
Inclusão dos programas setoriais nos mecanismos do Pro cultura;

O Teatro da Floresta constituiu esta carta tendo como apoio as cartas desenvolvidas nos encontros presenciais da Rede Brasileira de Teatro de Rua, endossando que o Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Levando em consideração as especificidades e a diversidade da região e do povo amazônico, com suas vozes, experiências e saberes.

Reunidos nestes 10 dias, ficou acordado que os próximos encontros da Rede Teatro da Floresta serão sediados nos festivais de caráter nacional e internacional da região amazônica.

25 de Julho de 2010
Praça das Caixas D’água, Porto Velho / RO
Rede Teatro da Floresta

Amazônia em Cena na Rua


De 16 a 25 de julho participamos do Amazônia em Cena na rua um festival que acontece em Porto Velho - Rondônia, e que contou com a presença de diversos grupos do Brasil. Juntamente aconteceu o Seminário Amazônico de Teatro de Rua que discutiu diversos assuntos relevantes à nossa arte na região norte e também no restante do país.

Tivemos a oportunidade de rever muitos amigos que fizemos aqui no encontro em canoas e fazer novos, trocando cada vez mais com grupos de diferentes linguagens e culturas, essa conexão sul /norte é muito importante e com certeza vai gerar muitos projetos e parcerias.

Para finalizar gostaríamos de agradecer o Chicão por todo esforço que fez para nos dar a oportunidade de participar deste evento.

7º encontro de articuladores da RBTR e 1º Encontro de articuladores do Mercosul

Esse mega evento realizado em Canoas - RS foi um sucesso recebendo a presença de mais de 50 artuculadores de todo o pais e america do sul, discutindo e pensando teatro de rua, trocando experiencias e criando soluções para a nossa arte tão popular e ao mesmo tempo tão desvalorizada pelas autoridades governamentais. Esperamos que esse encontro sirva de impulso para os proximos que estao por vir e agradecemos a todos que aqui estiveram e deixaram um pouco da sua historia em canoas





CARTA DO 7º ENCONTRO DE ARTICULADORES DA RBTR EM CANOAS

A Rede Brasileira de Teatro de Rua, criada em março de 2007, em Salvador/Bahia, é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo, presente em todos os estados brasileiros. Todos os artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins pertencentes a RBTR podem e devem ser seus articuladores para, assim, ampliar e capilarizar, cada vez mais, suas ações e pensamentos.A RBTR reafirma sua missão de:• Contribuir para o desenvolvimento do fazer teatral de rua no Brasil e na América Latina;• Lutar por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado, por meio de fundos públicos de cultura, garantindo assim o direito à produção e ao acesso aos bens culturais a todos os cidadãos brasileiros;• Possibilitar as trocas de experiências artísticas entre os grupos de teatro da rede;• Reafirmar a necessidade de uma nova ordem por um mundo socialmente justo e igualitário.Mobilizados para a discussão e elaboração das diretrizes para a utilização do Fundo Setorial para o Circo, a Dança e o Teatro, encaminhamos ao Ministério da Cultura e à Fundação Nacional de Arte as seguintes propostas:- Que no edital "Programação de Espaços Cênicos" seja aceita a proposta de Sedes Públicas com projetos de ocupação artística de espaços públicos abertos por grupos e coletivos de Teatro de Rua. Sedes Públicas são praças, parques e outros espaços abertos onde grupos atuam com freqüência realizando apresentações, ensaios, oficinas, reuniões e outras atividades teatrais.- Que seja explicitado nos novos editais e que tenha condições igualitárias a modalidade: teatro em espaços públicos abertos- Que seja revisto o valor destinado aos Produtores Independente/Empresas Produtoras em relação aos outros editais. Apoiamos a proporcionalidade de 3x1 (Núcleos com trabalhos continuados x Produtores Independentes/Empresas Produtoras).- Que a Comissão de Seleção seja regionalizada como garantia de representação estadual, tendo a participação de pessoas conhecedoras dos aspectos culturais, dos grupos e das pessoas verdadeiramente comprometidas com o seu fazer para seleção dos projetos apresentados.- Que os participantes das Comissões de Seleção sejam pessoas com conhecimento e atuação no teatro feito em espaços abertos e espaços fechados.- Que o Fundo Setorial para o Circo, a Dança e o Teatro seja lançado na primeira quinzena de agosto de 2010 e que o total investido seja aumentado tendo em vista a abrangência destas três áreas. Conforme documento entregue ao Secretário Gustavo Vidigal, no dia 02 de junho de 2010, em Brasília.O Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Mais do que lícito, o teatro de rua presta um serviço imensurável ao desenvolvimento da cidadania, levando conhecimento, saber e entretenimento com acessibilidade gratuita para todas as classes sociais. Para além de uma expressão estética nosso ofício é impulsionado pelo sonho de uma sociedade mais justa e fraterna, pelo direito universal à cultura e à vida.
Agradecemos pela atenção dos senhores.
“A rua é sempre o firmamento de toda arte”
Ray Lima