terça-feira, 2 de março de 2010

São Lourenço do Sul

Seguindo a programação de março apresentamos no dia 20 de fevereiro as 20h em São Lourenço do sul onde saímos muito felizes pela receptividade das pessoas e pela oportunidade de conhecer a cidade.
Aproveitamos também para agradecer ao casal Angelo Marques e Fernanda Ávila que abriu as portas de sua para nos receber.

AGENDA DE MARÇO/2010

clicar na imagem para ve-la maior

CARTA DE CANOAS/RS

3º ENCONTRO DE TEATRO DE RUA DA REGIÃO SUL
FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2010 – 10 anos

Os artistas trabalhadores e grupos da região sul – RS, SC e PR, pertencentes à Rede Brasileira de Teatro de Rua reunidos em Canoas, RS, entre os dias 25 e 29 de janeiro de 2010, realizaram o 3º Encontro de Teatro de Rua da Região Sul, dentro das atividades do Fórum Social Mundial – 10 anos, reafirmado a missão de lutar por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado em todas as instâncias: Municípios, Estados e União, endossando ainda, a luta por uma nova ordem e por um mundo socialmente justo e igualitário.
Em busca do aperfeiçoamento dos sonhos dos articuladores da Rede, o 3º Encontro de Teatro de Rua da Região Sul consolidou em sua programação apresentações, oficinas, reflexões e discussões políticas. Esse modelo aponta um caminho possível para a realização de futuros encontros, possibilitando equilíbrio entre apresentações locais/regionais e a presença de articuladores nacionais.
A Rede Brasileira de Teatro de Rua, criada em março de 2007, em Salvador/Bahia, é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo. Todos os artistas-trabalhadores e grupos de rua e afins pertencentes a ela podem e devem ser seus articuladores para assim, ampliar cada vez mais suas ações e pensamentos.
Os articuladores da região sul pertencentes à Rede Brasileira de Teatro de Rua, com o objetivo de construir políticas públicas culturais mais democráticas e inclusivas, defendem:

• A criação de programas de ocupação de propriedades públicas ociosas, para sede dos grupos de pesquisa e trabalho continuado, tornando-se centros de referência para o teatro de rua;
• Manutenção e permanência de espaços públicos que já possuem ocupação de grupos de pesquisa através de comodato e/ou convênios, como por exemplo o Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre/RS (com os grupos Oigalê, Povo da Rua e Falos e Stercus) e o espaço Centro Social e Cultural de Garibaldi/RS (com o grupo Hora Vaga);
• Que as instâncias públicas e privadas respeitem a tradição “de passar o chapéu” nas apresentações do teatro de rua, independente de haver ou não subvenção para a realização do espetáculo;
• Representações do teatro de rua nas comissões regionalizadas dos editais públicos, colegiados setoriais e conselhos das instâncias municipal, estadual e federal;
• Imediata implementação da Lei de Fomento de Porto Alegre, bem como a criação de novas leis em outros municípios dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná;
• Extinção da Lei Rouanet e da LIC/RS e de quaisquer mecanismos de financiamento que utilizem a renúncia fiscal;
• A utilização da verba pública através do financiamento direto do estado, por meios de programas e editais, em formas de prêmios, elaborados pelos segmentos organizados da sociedade;
• A criação de programas específicos a nível municipal, estadual e federal que contemplem: produção, circulação, formação, registro, documentação, manutenção e pesquisa, mostras e encontros para o teatro de rua e mérito artístico na capital e interior dos estados;
• Mostras de teatro de rua, com encontros da rede estadual ou nacional de teatro de rua, dentro dos festivais já consagrados da Região Sul, como por exemplo: Porto Alegre Em Cena, Caxias em Cena, Iznard Azevedo, Festival de Curitiba, Festival de Joinville, Festival de Londrina, Fetel e Ponta Grossa, entre outros;
• A permanência de pelo menos um articulador de cada grupo durante os Festivais, Mostras e Encontros, possibilitando o intercâmbio e a troca de experiências;
• Que os espaços públicos (ruas, praças, parques, entre outros), sejam considerados equipamentos culturais e assim contemplados na elaboração de editais públicos e no Plano Nacional de Cultura;
• A extinção de todas e quaisquer cobrança de taxas, bem como a desburocratização para as apresentações de artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins, garantindo assim o direito de ir e vir e a livre expressão artística, em conformidade com o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira;
• Que os editais para as artes sejam transformados em leis para garantia de sua continuidade, fomentando também o intercâmbio entre companhias de diferentes cidades;
• Que os editais Myriam Muniz e Artes Cênicas de Rua sejam publicados no primeiro trimestre de cada ano com maior aporte de verbas e que seja publicada a lista de projetos contemplados e suplentes, e a divulgação de parecer técnico de todos os projetos avaliados;
• Que os editais sejam regionalizados e sejam criadas comissões igualmente regionalizadas, tendo ainda a atribuição de acompanhar o projeto até sua finalização com os respectivos pareceres;
• Que as estatais contemplem com equidade, em seus editais, o teatro de rua, respeitando o critério de regionalização;
• Apoio financeiro da Funarte aos Encontros de Teatro de Rua;
• Que os grupos de teatro de rua desenvolvam ações coletivas nos seus espaços durante seus eventos;
• Criação de Fundos Estaduais, tendo uma proporcionalidade entre capital e cidades do interior.

O Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Assim, reafirma-se o dia 27 de março, dia mundial do teatro e dia nacional do circo, como o dia de mobilização nacional por políticas públicas, e conclama-se os artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins e a população brasileira a lutarem pelo direito à cultura e à vida.

“Eu não faço teatro. Eu faço vida. Eu não vou ao povo, eu sou povo.” Junio Santos

“Teatro de rua no Brasil, sozinho, nunca mais.” Richard Righetti

29 de janeiro de 2010
Fórum Social Mundial – 10 anos
Parque Eduardo Gomes – Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil

3º Encontro de Teatro de Rua da Região Sul

No dia 26 de janeiro de 2010 apresentamos o
espetáculo “O Dilema do Paciente no calçadão de canoas dentro do
3º Encontro de Teatro de Rua da Região Sul e Fórum Social Mundial – 10 anos.

4º mostra de teatro de rua Lino Rojas

De 07 a 15 de novembro de 2009 o Grupo Teatral Manjericão teve o privilégio de participar da 4º mostra de teatro de rua Lino Rojas em São Paulo onde apresentamos o espetáculo “O Dilema do Paciente” no vale do Anhangabaú bem no centro da capital paulista.

A semana foi de muitas trocas entre os grupos presentes tanto no âmbito teatral como o surgimento de novas e grandes amizades reduzindo cada vez mais as distancias desse nosso imenso pais através do prazer de estar na rua fazendo arte.

Carta Aberta à Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro

Senhora Secretária

Gostaria de deixar aqui escrito uma tentativa de descrever os sentimentos
que me ocorreram, e pensamentos que tive quando entrei em contato com o
texto do Decreto.(?!? )

Talvez tenha de me demorar um pouco sobre este assunto, pois ele é de
capital importância para o momento e para o mundo em que estamos vivendo e
acredito que ninguém, muito menos eu e a Senhora Secretária, podemos ou
devemos fugir dele. Espero não ser interrompido como fui no nosso breve
encontro anterior,

Assim vamos lá.

Eu tinha ido para esta reunião com o artigo 5° da Constituição em minha
mão , para declamá-lo diante de todos, pois para mim era esta a verdadeira
razão daquele encontro. Liberdade de expressão.

Art. 5°, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;

Art. 5°, IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Art. 5°, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardo do
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a.
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Porem, ao ler o Decreto fui agradavelmente surpreendido e desarmado por
ver seu artigo 1°, que citava justamente este artigo da Constituição.
Respirei aliviado. Estamos no mesmo barco, pensei eu.

Mas nos artigos, incisos ou alíneas ou parágrafos seguintes, ou não sei
bem o que é, o que estava escrito era uma seqüência de requisitos que eu
deveria cumprir para que pudesse usufruir desta liberdade constitucional.
Condições sem as quais eu não poderia exercer meu direito de cidadão livre.

Então eu estava livre, mas não estava muito. Eu era uma pessoa que estava
presa e agora ia ser agraciado com a benesse da liberdade condicional.
Estava ali me sendo oferecida a liberdade, sob determinadas condições que
eu deveria cumprir e respeitar, sob pena de novamente voltar a prisão. O
meu mal-estar cresceu quando compreendi que a discussão teria que ser
mais profunda e inquietante do que eu imaginava. Não estava diante de
pessoas que estavam pensando o mundo como eu. Embora a Senhora Secretária
tivesse afirmado que, por ser comunista sabia já das coisa que eu estava
começando a dizer, na prática esta teoria não se confirmava. Íamos ter que
discutir mais do que pensávamos, e não havia tempo para isto. Havia mais
coisas em jogo ali do que simplesmente nossas boas intenções, em relação ao
bem-estar da cidade e de seus cidadãos. E de que maneira a boa gestão de
políticas - públicas para a Cultura poderia contribuir para isto. A cidade
não estava em jogo, nem o seu cidadão, e sim a necessidade de aprovar
urgentemente, não sei porque motivo, aquele documento regulatório e
contraditório das atividades em áreas públicas, que estava diante de mim.
E eu, senhora Secretaria, sem voz e imobilizado, nada podia fazer, a não ser
pedir um tempo para pensar e propor alguma reflexão e discussão, a respeito
desta questão tão importante, já que, aparentemente, não estávamos ocupando
posições semelhantes diante do problema.

E assim, a discussão com os interessados que deveria ter sido feita,
antes até mesmo da elaboração do Decreto, e que iria ajudar nesta
elaboração, teria que ser feita ali naquela hora, sob pressão política e de
prazo. Companheiros da Rede de Teatro de Rua do Rio de Janeiro tinham várias
vezes antes tentado contato, sem êxito, com esta Secretaria.

Nós não achávamos que uma questão tão importante podia ser discutida às
pressas; e continuamos achando que não, dadas a sua importância e
atualidade. É realmente uma questão de tempo, Senhora Secretária. E não
podemos ser levianos e inconseqüentes a este respeito, pois o que for
decidido aqui no Rio de Janeiro vai repercutir no Brasil inteiro, e nós
estamos no momento de avançar em nossas conquistas de liberdade. Sempre
que os governos não conseguem equacionar seus problemas sociais a liberdade
é a primeira a ser sacrificada. Podemos estar "distraídos" diante disto
tudo? O muro de Berlim resolveu o problema da liberdade? O dia da
Consciência Negra resolveu o problema do apartheid social e racial da
sociedade brasileira? É possível distrair, descansar?

Senhora Secretária, esta Secretaria acho que ainda tem um departamento de
Patrimônio que foi criado na gestão do Antonio Pedro Borges, a frente da
primeira Secretaria de Cultura, do Rio de Janeiro. Pois bem, Senhora,
todos nós sabemos que Santa Teresa é uma APA- Área de Proteção Ambiental;
e que todos nós, gestores públicos e cidadãos, devemos zelar pela sua
integridade e identidade. A Senhora já viu o caos em que estão se
transformando as ruas e ladeiras de Santa Teresa? A qualidade de vida do
bairro é cada vez pior, o morador se ressente, enquanto floresce um
comercio, que só remotamente beneficia o bairro e seu morador. Os carros,
veículos de todos os tamanhos e pesos, sobem e descem suas ruas e ladeiras
indiscriminadamente , em qualquer direção, sem nenhum regulatório. Lá não
precisa? Uma vez só estiveram lá, que eu saiba, para obrigar o proprietário
de um bar-mercearia a recolher duas mesas da calçada, onde eu e outros
moradores há 30 anos costumamos nos sentar para conversar, sermos amigos,
cidadão, convivermos. Coisa rara em qualquer lugar do Rio de Janeiro.

O choque de ordem fez recolher cadeiras e mesas onde a vida comunitária se
estabelece, e onde pode nascer um remédio para a violência que nos deixa
desolados, numa cidade tão linda como a nossa. E deixa a tragédia anunciada
se aproximar cada vez mais!

O que está acontecendo ou querendo acontecer com o Teatro de Rua não é
parecido com o que aconteceu com as cadeiras e mesas de Santa Teresa?

A senhora não acha, Senhora Secretária, que tudo isto tem a ver com a
Cultura? Que a Cultura tem a ver com identidade e qualidade de vida? Que
qualquer política "regulatória" teria que ser submetida à apreciação da
Secretaria de Cultura e a Secretaria de Saúde? Para evitar atitude e
procedimentos que em vez de resolver, transformam a cidade e a vida do
cidadão em tristeza, depressão e mais violência? Não é esta a função da Vida
Cultural na construção da nossa identidade e cidadania? Não só na teoria,
mas também na prática?

Senhora Secretária, pela regra do Decreto, meu grupo de Teatro, o Tá na Rua,
não poderá ir nunca à rua, pois não se encaixa em nada do que o decreto
pensa. Quem o redigiu tem pouca familiaridade com a questão, embora possa
ter tido empenho e boa - vontade.

Assim como eu, outros artista de rua não preparam com antecedência suas
saídas, e muitas vezes saímos a rua sem saber onde iremos parar. Nem dia,
nem hora, nem local. E nunca obstruímos nenhuma praça, nenhuma rua, nunca
prejudicamos nenhum comerciante, nem nunca perturbamos o sono de ninguém ou
o trânsito.

O básico de nosso trabalho é o respeito à população e ao seu direito de ser
feliz, participando da vida cultural da cidade. Nunca iríamos fazer ou
fizemos coisas que ferissem a ordem pública, a verdadeira ordem pública, não
a ordem de uma gaveta vazia. Atitude que não parece ser a que subjaz
nestas medidas regulatórias abstratas, em nome de uma ordem também abstrata.
Sanear, higienizar não é organizar. Nós precisamos de apoio, estimulo, e
incentivo, não de organização aleatória e indiscriminada.

Nunca desistimos de nossa cidadania, pois amamos a cidade e seus cidadãos,
sem distinção de classe, cor, credo, idade ou religião. O nosso maior prazer
é respeitar o cidadão. Nós queremos ser parceiros do poder público na
construção de uma sociedade melhor. Não devemos ser tratados como presos em
liberdade condicional. Nossa liberdade foi conquistada ao longo de séculos
e de lutas e nossa liberdade não pode ser concedida. Ela tem de ser
reconhecida. Não posso me imaginar em praça pública somente se
estiver autorizado pela autoridade. Eu abandonei tudo por amor à cidade.
Sou cidadão carioca emérito. Não me tirem agora a cidade. Senhora
secretária, não deixe isto acontecer. O momento é histórico e importante. O
que fizermos agora vai, como já disse, repercutir em todo País. Se
decidirmos bem, ficaremos todos, nacionalmente um pouco mais alegres. Se
perdermos a oportunidade estaremos fazendo como aqueles que querem a todo
custo tirar a esperança do Brasil. Agora que estamos crescendo, produzindo
auto-estima que poderá iluminar o aparecimento da nação brasileira.

Podemos fazer historia Senhora Secretária, ou sermos atropelados por ela.

Creia-me um seu admirador e antigo eleitor.

Obrigado pela atenção.

Rio de Janeiro, 18 de Novembro de 2009

Amir Haddad

P.S - A título de pós -escrito uma sugestão de procedimento para o manejo e
crescimento do Teatro de Rua na cidade do Rio de Janeiro.

Sugerimos que:

1. Para sair às ruas, os grupos de Teatro, cadastrados ou não,
deverão apenas comunicar a um Setor de Teatro de Rua, que deverá ser criado
pela Secretaria, que espaços pretendem ocupar e a partir de que hora.

2. O Setor, então, deverá informar ao comunicante as condições do
local, para orientação do grupo. E, sempre que necessário,
enviar para lá uma equipe da Prefeitura, que se encarregará da limpeza da
praça e de sua segurança, para que nossos artistas possam cumprir sua
tarefa em paz. Se houver necessidade de energia elétrica o Setor deverá
providenciar junto à Rio Luz a localização e a utilização do ponto de luz
mais próximo, sem ônus para o grupo.

A Guarda Municipal que estiver na região deverá ser estimulada a proteger
e assistir o espetáculo. Eles já fazem isto, porem com medo de serem
castigados. Terão assim melhorado sua qualificação para a função a que se
destinam.

3. O cadastramento dos grupos deverá ser feito junto à Rede de
Teatro de Rua do Rio de Janeiro, que se encarregará de manter atualizado
o cadastro do Setor de Teatro de Rua da Secretaria.

O grupo não cadastrado que comunicar seu trabalho ao Setor da
Secretaria estará automaticamente cadastrado e suas características ( nome,
formação, origem) deverão ser comunicadas a Rede que irá entrar em contato
com eles, para vinculá-los ao movimento nacional do Teatro de Rua.

4. Sei que os representantes da Rede Estadual de Teatro de Rua têm
pensado nisso que vou expor e que acho excelente.

Há grupos que além de andar por vários pontos da cidade, mantém o
vinculo permanente com as praças e comunidades onde têm suas sedes. Assim
seria interessante se este grupos se encarregassem da ocupação e
programação das praças onde estão sediados, ali desenvolvendo atividades
permanentes com apoio e cooperação da Guarda Municipal. Alguns de nós já
fazemos isto, mas sem nenhum apoio, estimulo ou segurança.

Poderemos melhorar, e muito, a vida na cidade, na região onde habitamos.

Sonhamos como uma cidade feliz e iluminada pela esperança.

A Secretaria de Cultura pode trazer saúde para a população carioca.

Não queremos poder, mas sim colaborar para a construção da esperança.

Trabalhamos no presente para um outro futuro, possível.

Atenciosamente

Amir Haddad

QUE AMANHECER!? (uma outra civilização é possível ?) Ao Júnio Santos Por Ray Lima




Não há soldado que dê vida
a tantos corpos entre escombros
espatifados pela história


Não há mais glória: salve! salve!
senão seres esprimidos
oprimidos pela fome do dinheiro


Não há herói nesse estaleiro
não há ciência nem sapiência
senão mau uso da riqueza e do poder


Não há o que esconder
da foice bomba do abalo sísmico
do capital


E no dia seguinte feito um psicopata
lá está ele chorando a morte da vítima
a secar os olhos com a ponta da gravata


Talvez pensando na próxima... mas
deixando escapar ao mundo sua gula infame:


Quero beber o caldo putrefato da massa cerebral
do povo haitiano - não há mais sangue para sugar


Quero devorar para sempre o sonho desse povo
que quis um dia ser feliz e livre


Quero amanhecer no Haiti
devastado por esse desejo capital!


Quero rodopiar feito vodum
da pena capital que lhe imputei
ao espírito em decomposição


Quero dar um grito-risada: MENTIRA! estampada na expressão
e lá de cima do avião repleto de gentis soldados da ONU
a acenar com o alimento perecível da globalização


Quero disparar um peido-bomba
no salão nobre e cavernoso das narinas da civilização ocidental
a não escaparem
nem direita
nem esquerda
nem centro
tremor de baixo
abalo de cima
carrapeta capeta
ta tudo dentro


ó, civilização ocidental
civilização da mais valia
quero vê-la passar bem
quero vê-la passar mal
tragada pelo próprio veneno
em toda parte
no corpo da ciência
no corpo da fé
no coração da economia
no cerne das linguagens
na arte inté


Ray Lima wwwcenopoesiadobrasil.blogspot.com

CARTA DO ACRE

A Rede Brasileira de Teatro de Rua reunida em Rio Branco, Acre, nos dias 02 e 03 de novembro de 2009, no seu 6º Encontro reafirma sua missão de lutar por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado em todas as instâncias: Municípios, Estados e União, para garantir o direito à produção e o acesso aos bens culturais a todos os cidadãos brasileiros; reafirmando ainda, nossa luta por uma nova ordem e por um mundo socialmente justo e igualitário.
A Rede Brasileira de Teatro de Rua, criada em março de 2007, em Salvador/Bahia, é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo. Todos os artistas-trabalhadores e grupos de rua e afins pertencentes a ela podem e devem ser seus articuladores para, assim, ampliar e capilarizar, cada vez mais, suas ações e pensamentos.
O intercâmbio da Rede Brasileira de Teatro de Rua ocorre de forma presencial e virtual, entretanto toda e qualquer deliberação é feita nos encontros presenciais, sendo que seus membros farão, ao menos, dois encontros anuais. Os articuladores de todos os Estados, bem como os coletivos regionais, deverão se organizar para participarem dos encontros.
Os articuladores da Rede Brasileira de Teatro de Rua, com o objetivo de construir políticas públicas culturais mais democráticas e inclusivas, defendem:

• Pela imediata aquisição, por parte dos poderes públicos competentes, do imóvel onde funcionava a antiga delegacia de polícia da cidade de Xapuri/AC, para que se torne sede permanente dos grupos de teatro “Poronga” e “Arte na Ruína”, que tem sua origem e desenvolvem seu trabalho artístico e cultural nessa cidade.
• A representação do teatro de rua, nos colegiados setoriais e conselhos das instâncias municipal, estadual e federal;
• A aprovação e regulamentação imediata da PEC 150/03 (atual PEC 147), que vincula para a cultura, o mínimo de 2% do orçamento da União, 1,5% no orçamento dos estados e distrito federal e 1% no orçamento dos municípios;
• Aprovação no Senado do projeto de Lei 200/2009, o Simples Nacional, que reduz a carga tributária para as atividades de produção e apresentação artística e cultural;
• A extinção da Lei Rouanet e de quaisquer mecanismos de financiamentos que utilizem a renúncia fiscal, por compreendermos que a utilização da verba pública deve se dar através do financiamento direto do estado, por meios de programas e editais em formas de prêmios elaborados pelos segmentos organizados da sociedade; para tanto, em apoio ao Movimento 27 de Março, sugerimos modificações no PROFIC (anexo);
• A criação de um programa específico que contemple: produção, circulação, formação, registro, documentação, manutenção e pesquisa, mostras e encontros para o teatro de rua e mérito artístico;
• Que os espaços públicos (ruas, praças, parques, entre outros), sejam considerados equipamentos culturais e assim contemplados na elaboração de editais públicos e no Plano Nacional de Cultura;
• A criação de um programa nacional de ocupação de propriedades públicas ociosas, para sede do trabalho e pesquisa dos grupos de teatro de rua;
• A extinção de todas e quaisquer cobrança de taxas, bem como a desburocratização para as apresentações de artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins, garantindo assim, o direito de ir e vir e a livre expressão artística, em conformidade com o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira;
• Que os editais para as artes sejam transformados em leis para garantia de sua continuidade;
• Que os editais Myriam Muniz e Artes Cênicas de Rua sejam publicados no primeiro trimestre de cada ano com maior aporte de verbas e que seja publicada a lista de projetos contemplados e suplentes, e a divulgação de parecer técnico de todos os projetos avaliados;
• Que os editais sejam regionalizados e sejam criadas comissões igualmente regionalizadas, tendo ainda a atribuição de acompanhar o projeto até sua finalização com os respectivos pareceres;
• Que as estatais contemplem com equidade, em seus editais, o teatro de rua, respeitando o critério de regionalização;
• O direito à indicação de representantes do teatro de rua nas comissões regionalizadas dos editais públicos;
• Exigimos o apoio financeiro da Funarte aos Encontros Nacionais de Teatro de Rua no valor equivalente ao montante que é repassado à aqueles realizados pela Associação dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

O Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Assim, instituímos o dia 27 de março, dia mundial do teatro e dia nacional do circo, como o dia de mobilização nacional por políticas públicas, e conclamamos os artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins e a população brasileira a lutarem pelo direito à cultura e à vida.


“Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade, é aquele que a transforma.” Augusto Boal

04 de novembro de 2009
Sala Matias - Teatro Barracão / FETAC
Rio Branco, Acre

Rede Brasileira de Teatro de Rua

Relato do Acre - dia 04/11/09

Carta ao Vento Norte - de Dentro pra Fora

Relato de parte do quarto dia do 6º Encontro de articuladores da RBTR, Rio Branco, Acre

Acordamos mais tarde, pois dormimos mais tarde, eufóricos com a Carta e com o que vivenciamos nestes dias. Não há nada que deixe um arteiro mais contente do que sentir-se realizado com sua função. Café animado, rostos mais tranqüilos, eu ainda um pouco tenso, mas alegre diante do refeitório falante. Burburinho de idéias e trocas. Ansiosos para ir conhecer uma grande conquista da Fetac e demais grupos. Saímos, na correria tenho que levar a bagagem, sei do risco de perder o voo. Ninguém aceita minha partida. O gaúcho também não tá afim de partir, mas a 4ª Lino Rojas é logo ali. Chegamos na periferia de Rio Branco, distante e enorme. No meio uma ilha brilhante, o Teatro Barracão. Casa de um piso, suntuosa, novinha em folha, muitos operários em processo acelerado para finalização. Inauguração no dia seguinte, dia nacional da cultura. Fotos de todos os lados. Todos impressionados. Lenine, Ed Ames, Juliano, Advania, Paulo e demais artistas do Acre brilham nos olhos, um orgulho de dar inveja. Um espaço novo, conquista de todos. Chegamos na sala de inclusão digital e ali Carla, companheira de várias batalhas da Fundação Cultural do Estado (isso?) arrebenta com nossas emoções ao relatar as dificuldades e a homenagem ao Matias, a sala maior, espécie de arena cênica. Só Matias!, era assim que gostava de ser chamado. Um artista assassinado sem se saber até hoje o motivo de tal fato.
Difícil registrar a fortuna de idéias, sensações e sentimentos no curto período do evento em Rio Branco no Acre. Embora impregnada de sentimentos utópicos (ou nem tantos) e beirando o romântico (q nunca desgrudará deste poeta, desde pequeno) vale como certo registro, com respeito e admiração, pelo que vocês tem feito pelo Teatro de rua brasileiro.
Na carta que coletivamente realizamos no Acre está como primeiro ponto de solicitação/cobrança para os órgãos e instâncias públicas e privadas, bem como comunidades em geral, a urgente solução da aquisição da delegacia abandonada de Xapuri, terra de Chico Mendes, aos grupos que a tomaram com intervenções cênicas, para desespero do prefeito. O companheiro Amarildo do Grupo Porongas, com Dez anos de estrada, veio nos relatar com sua simplicidade sobre a transformação da tal delegacia abandonada sem teto, só a alvenaria quase em ruínas, em despolpadeira, uma cultura de trabalho que não há na região! Um político cínico e canalha que inventa absurdos para que não haja na cidade balbúrdia e agitação!!! É de doer!! Este absurdo reflete o resto do Brasil, outros Estados passam pelos mesmos problemas. Uma desconsideração da importância da arte na formação do cidadão que não tem condições mínimas de apreciar e deleitar-se com a arte do teatro de rua. Um espaço que é de todos, a rua! Um espaço por natureza dialético de socialização, pois é composto de medos, incertezas, dores e tristeza, mas também pulsa a vida, há certezas e alegrias! Essa Barbárie não pode continuar com o povo do Norte. Mas precisamos que da região venha as dicas de como podemos combater essa dragão! Seja desenvolvendo projetos coletivamente, seja lotando caixas de email de políticos, expedindo cartas de desagravo, criando encontros regionais com a presença de grupos de fora, etc, etc... é preciso agir!

(A)Os companheiros do Norte
Edinho rapaz quieto como a floresta que observa o estrangeiro até entendê-lo, contou sua história e as dificuldades ao pessoal do Próximo Ato e ganhou as passagens estadia e participação no evento em SP. Até em delegacia pernoitou para seguir viagem com o seu trabalho. A sinceridade é a mãe das boas intenções.
Rogério e seu agito agitado circulou o Brasil e a América Latina com a família e amigos, espalhando a alegria do Palhaço Rufino. Boa parte no Brasil com uma Brasilia 78 que no momento está no Ceará. Ficou a Brasilia, mas a alma coletiva vaga pelos circos e lembranças dos povos por onde passou.
César, o cara foi o mais calmo de todos nós no encontro, de fala pensada e calma, uma profunda consciência dos valores e dissabores do fazer teatral no Acre e no Norte.
Juliano e as colegas do Vivarte, vivem assim, sede na periferia, com seus encantos e passes mágicos. São o rapé do teatro de periferia de lá, limpam as vias, becos, acessos e e vielas com o colorido e conscientizador teatro popular. Purificam aquela gurizada que vi nas fotos do orkut do grupo.
Cicero, repentista, multi artista de qualidade e proficiência inigualáveis. Na sua paciência e sinceridade me confirma que é na prática de resistência que sobrevivemos e obtemos a verdade. Ou se desvela a mentira do hipócrita estendido na tua frente diante dos balcões de editais.
Nivaldo Costa, que nunca deu as costas pros amigos quando precisaram, sempre predisposto e risonho, piadista de plantão. Sofri nas piadas de gaúcho, mas mantinha o animo da tropa. Que Manaus o escute, que suas idéias possam se realizar por lá, pegar junto com Diego e demais colegas e fazer acontecer.
Sergio sempre preocupado com a formação, juntamente com Paulo, pedagogo de qualidade, atento a arte-educação. Mandarei com certeza o material do Boal assim que chegar de volta das viagens. Mas vai lá no site Estantevirtual e compra baratinho o que não chega no Acre.
Andréia e Advania (Nena) força nos punhos com o Grupo Trincheira! Que nome de grupo hein?! Lutas e mais lutas. Que vocês revolucionem a cena, mulheres fortes em momentos fortes, é preciso persistência e dedicação constante como vocês.
Lenine, Ed, Claudia, Ágata, Vice-versa, Tcharles, Trash, que vocês mantenham a força da Fetac e demais grupos e artistas de rua. Sim é preciso divisão e aproximação sútil para a felicidade geral da nação acreana. Fetac, grupos, artistas de rua todos juntos em prol da RBTR/ACRE. Missão cumprida com a criação a efetivação da rede no Acre que todos sabíamos que já existia.
Pessoal de Rondônia, Raimundo, Marta e Roberto, companheiros que contribuíram com precisão. Esperamos que vocês desenvolvam a RBTR/Rondônia e uma mostra ou encontro em Ariquemes. Raimundo colega de finalização de carta, junto com Noêmia, Ananda, Sergio, Xisto, bravo pela luta que vocês desenvolvem em Rondônia. Força por aí!
Falo tudo brevemente, mas é um registro de coração.
Que venha o 7º Encontro no Rio Grande do Sul. Viva o Teatro de Rua Brasileiro.

Márcio Silveira dos Santos
Articulador – Porto Alegre/RS
Grupo Teatral Manjericão
(51) 92229471

Relato do Acre - dias 03/11/09

DO LOCAL PRO NACIONAL
A REDE QUE SE ESTRUTURA DE DENTRO P FORA DE BAIXO P CIMA.

Tivemos uma terça feira pra lá de gorda nos resultados e discussões no encontro. Puxada forte de rede!!! Pescando idéias e propostas que possam não convalescer nas esferas públicas e nossos HDs.
O segundo dia efetivo/oficial do encontro começou com o informe do Licko sobre contato do Marcelo Bones. Que no final do dia já teríamos um retorno consistente de reunião na Funarte de uma comissão tirada aqui no encontro p conversar sobre a carta do Acre e demais assuntos, pós dia 15 de Nov.
Um dos pontos autos da pauta foram as experiencias e possibilidades de ampliação da colaboração em rede. O pessoal da região é muito antenado no global, mesmo com os pés na aldeia. Partimos das dificuldades reais desta diversidade de caminhos que é o norte. Afinal viemos p fortalecer a rede do Norte. Que ganhou melhores definições no encontro. Foi um momento mágico e importante politicamente na região e no BR.
A seguir alguns comentários do companheiros, para se ter uma idéia das dificuldades e soluções deste povo da rua e uma possível reflexão com vistas a nossas ações. Não que tenhamos que ser assim também, mas é realidade local e que essas diferenças devem ser levadas em conta na hora de aprovação de editais divididos por regiões, etcs. Um dos pontos interessantes do encontro que verão na carta do Acre.
Raimundo, de Ariquemes, Rondônia: Há diversos segmentos em rede, pontos de cultura por ex. Temos q fazer parcerias, assim o fluxo se torna dinâmico. Há os pontões q capacitam os pontos. Não há necessidade de criar um ent juridica, grande problema da área. Fortalecendo campos articuladores na região do Norte.
Nivaldo, Manaus: precisamos esquecer as diferenças. Preciso organizar o meu quintal, para falar depois do vizinho. Ousadia! Temos a mania de achar q é difícil só para nós, esquecendo do coletivo das dificuldades, criaremos uma maturidade p mais adiante.
Cézar (grupo De olho na coisa): Nossa articulação deve ser horizontal. Não é preciso gostar do outro, mas nos unidos por interesse comum.
Lenine: Não podemos criar tantos conflitos e sim como irmãos realizar a criação de uma rede aqui. Depende deste encontro e dos interesses comuns.
Flávio (os inventivos-sp): o entendimento é lento. Demanda um tempo e um estudo p entender. Para contribuir mais precisamente.
Ligia Veiga que chegou contribuindo (salve!): É preciso aceitar as diferenças. Se comprometer realmente, de estar construindo na rede juntos, é fundamental enquanto ser humano, pessoa neste contexto todo. Entender esse macro, observar. Há uma diversidade. Nosso oficio é este. Precisamos costurar mais esta rede. Precisamos aceitar o outro, somos testemunha da coisa.
Juliano: (Vivarte-Um ótimo confrontador). Temos problemas e precisamos articular estes detalhes. Resolvê-los já!
Edinho de cruzeiro do sul, quase Peru. Tava saindo para o Próximo Ato, Está na rede há um dia e comenta a felicidade de receber emails de outros grupos. (Um passo simples que a rede proporciona e que revoluciona a vida deste artista). A questão do translado para apresentar teatro de rua é complicadíssima. Certa vez fiquei 13 horas atolado na lama com 30 reais no bolso!
Rogério: Para se criar a rede do acre, precisamos nos transformar antes p depois transformar o outro. Existe coerência nas outras oralidades. É preciso descentralizar.
Amarildo, um batalhador de Xapuri, terra de chico Mendes, do Grupo Porongas, 10 anos. Lá a situação é idem para todo BR, principalmente o RJ para este dia 05. São proibidos pelo prefeito de apresentarem na rua, muitos são presos de fato. É ultrajante e inadmissível!

A partir destes e mais uns 40 relatos partimos para propostas a carta.
Além do alinhavamento para a rede de buscar como temática de mobilização de 27 de março de 2010, a questão da proibição de uso dos espaços públicos pelos artistas de rua e afins.
Entre outros assuntos passamos para feitura da carta do acre. Coletivamente relemos as cartas anteriores e propomos mudanças, etc. Um debate fecundo e conflituante, mas fundamental para compor a carta que todos receberão na sequência.
No ponto de pauta para definição do local para o próximo encontro 7ª edição, foram colocadas as propostas dos articuladores do Espírito Santo e do RS. Após votação e argumentações decidimos que será no RS, em Abril ou Maio. A RBTR/RS está desde já correndo para a produção deste evento. Vamos na rede pensar em articulações sobre passagens, pois não dá para contar com certos apoios, a rede deve discutir estratégias desde já neste assunto..
Feitas as ações, fomos contemplados com a apresentação do grupo Vice-versa do Acre com o espetáculo de rua Comédia Del'Acre - devido a chuva e escuridão realizaram dentro da oca de debates. A noite vivência artística puxada pelos colegas Santini e Cicero, repentistas da porra!!

Pessoal da rede nosso momento é, embora certos descontentamentos, de fortalecimento total, uma rede crivada de nós que nos fazemos ser. Gandhi já colocava: Seja a mudança que você quer ver no mundo, então o que estamos esperando para efetivamente assim ser/ver?
Bom por enquanto era isso, devo ter esquecido de um zilhão de detalhes, mas tá valendo a breve socialização.

E VIVA O TEATRO DE RUA E AFINS!!

Márcio Silveira dos Santos
articulador do RS.

Relato do Acre - dias 01 e 02/11/09

Bom pessoal relato aqui alguns momentos do encontro no Acre como os demais colegas, contribuindo e socializando na RBTR petiscos do que caminhamos por estas terras fronteiriças do Brasil. Gente por demais interessada e correndo em busca de melhores ações.


No domingo, dia de chegadas, 2h de fuso é confuso p quem chega. Calor de derreter (gostei) no aeroporto Lenine e Ed James – Presidente da FETAC, aguardam Eu e Xisto (Circo volante MG), mineiro que trouxe uma purinha e queijo de Minas, mazzaa! Feitas as honrarias e apresentações partimos para o centro da cidade, direto para comida, pois era meio dia e pouca aqui. Lá estavam Richard, Santini (teatro de cordel RJ) e Cristiano (3ª Margem MG), Vanderlei (palhaço orelha RJ)e demais companheiros. E aos poucos foram chegando mais gente, Noemia e Flávio (SP) pessoal da Cidade de Ariquenes de Rondônia: Raimundo, Marta e Roberto. Nivaldo de Manaus. Licko (RJ) e Kuka (BA) chegam poś meia noite.
Quando a tardinha foi chegando fomos preparar terreno p/ a apresentação do Off-Sina, Richard com Café Pequeno da Silva e Psiu na praça do Mercado Velho. Arrebentou! Público aos montes e em delírio. Um momento mágicos para o povo de Rio Branco. Foi só terminar p desabar uma chuva torrencial e providencial. Depois janta e o povo já ocupa metade do restaurante, ganhamos corpo e força, todos com o mesmo objetivo: realizar um baita encontro que ecoe no Brasil e fortalecer a rede no Acre e região. E mais é claro.

O primeiro dia oficial do 6 encontro de articuladores de teatro de rua, segunda de finados ressuscitamos, como todos os dias ao acordarmos, a vontade imensa de articulações em prol do Teatro de rua. Nesta imensidão de Brasil, o Acre nos é acolhedor no que tange os anseios da RBTR em galgar aos poucos os degraus da união e bem estar de todos das várias redes. Pois ao se discutir Governos, Pec, Editais (ponto alto foi a discussão do artes de rua), leis, conferencias de cultura (outro ponto alto), forma e função, estética e poéticas estamos falando de todos! Eis uma grande clareza dos 60 efetivos articuladores, fora os flutuantes que nos acompanham e se apresentam, como a excelente Quadrilha pega-pega, do movimento de quadrilhas (!) e seus 30 articuladores da arte popular e energética, mas que fôlego!
Discutimos os avanços da cartas dos encontros anteriores e estudamos e analisamos os órgãos públicos e seus integrantes em cada região via conferencias de cultura. Pensamos ações efetivas para a volta nos Estados! Os relatos dos articuladores são diversos. Os grupos do Acre possuem uma proficiência nas discussões e boa articulação na região. Rondônia e Amazonas estão se estruturando e já é perceptível a união e as idéias novas que fluem por aqui, no horto florestal; em meio as muitas mangueiras e jacas, jacarés, casas de pau e palhas. Há a oca do lanche, típico da região que nos surpreendem com uma culinária riquíssima e estimulante para pensar nesta diversidade tão grande do Brasil; e como agimos de diferentes formas diante dos editais, governos e movimentos.
O pessoal daqui é bravo e forte. Como Cícero (Grupo Saci), repentista que nos brindou em vários momentos com seus versos surpreendentes e sua companheira Chica Brejeira que entoou “menos burocratas pra diminuir a burocracia”. Também Juliano (Vivarte) levantando sempre os conflitos, divergências, diferenças e a força que isto trás p o coletivo da região “o conflito faz parte do desenvolvimento humano”. O companheiro estradeiro da América latina Rogério e sua família circense a rodar numa Brasilia 78, que está parada lá no Ceará com monocilclo, pernas de pau, etc. Rapaziada que rodou muito por aí, comendo poeira. Estão nos mostrando o que é ter cupuaçu e açaí nas veias acreanas. Não podendo deixar de citar o pessoal das cidades de Feijó, Cruzeiro, grupos como o A e E do Edinho, Trincheira (excelente nome) da Andréia e Advânia/Neca. Cezar (sapiência) com o grupo De Olho na Coisa. Paulo e Robson do Grupo Camalearte, o Diego da Cia Vitória Régia, Carol da fundação e claro Lenine, Ed, todo pessoal da Fetac ou não. Todos numa só lida, batalha, labuta em articulação constante. Que as discussões decisões ecoem muito para além das fronteiras e barreiras. Que mostre quem somos diante dos caras que ficam atrás da mesa com o CU na mão!
Richard disse: O local dialoga e o BR ataca! Temos aqui 8 Estados!
Já conclamo o povo do RJ para o dia 5 tocar o horror no dia da entrega da carta da RBTR sobre os entraves de apresentação nos espaços públicos do Rio, para o Sr Prefeito. Lilian colocou na rede. Por aqui lemos e discutimos, mexemos também neste dia, mas já off-dia, já noite no hotel, não paramos nunca.
Pós janta uma cantoria com os repentistas e muito tambor. Roda e canto pra desvelar o manto das tranqueiras deste País!
Seguimos daqui. Os tambores da selva já começaram a rufar..... vamos desobstruir certas conexões e religá-las....

abraços.

Márcio Silveira (por aqui só: oh gaúcho gremista!)
articulador do RS ou seria região sul?'