terça-feira, 2 de março de 2010

Relato do Acre - dia 04/11/09

Carta ao Vento Norte - de Dentro pra Fora

Relato de parte do quarto dia do 6º Encontro de articuladores da RBTR, Rio Branco, Acre

Acordamos mais tarde, pois dormimos mais tarde, eufóricos com a Carta e com o que vivenciamos nestes dias. Não há nada que deixe um arteiro mais contente do que sentir-se realizado com sua função. Café animado, rostos mais tranqüilos, eu ainda um pouco tenso, mas alegre diante do refeitório falante. Burburinho de idéias e trocas. Ansiosos para ir conhecer uma grande conquista da Fetac e demais grupos. Saímos, na correria tenho que levar a bagagem, sei do risco de perder o voo. Ninguém aceita minha partida. O gaúcho também não tá afim de partir, mas a 4ª Lino Rojas é logo ali. Chegamos na periferia de Rio Branco, distante e enorme. No meio uma ilha brilhante, o Teatro Barracão. Casa de um piso, suntuosa, novinha em folha, muitos operários em processo acelerado para finalização. Inauguração no dia seguinte, dia nacional da cultura. Fotos de todos os lados. Todos impressionados. Lenine, Ed Ames, Juliano, Advania, Paulo e demais artistas do Acre brilham nos olhos, um orgulho de dar inveja. Um espaço novo, conquista de todos. Chegamos na sala de inclusão digital e ali Carla, companheira de várias batalhas da Fundação Cultural do Estado (isso?) arrebenta com nossas emoções ao relatar as dificuldades e a homenagem ao Matias, a sala maior, espécie de arena cênica. Só Matias!, era assim que gostava de ser chamado. Um artista assassinado sem se saber até hoje o motivo de tal fato.
Difícil registrar a fortuna de idéias, sensações e sentimentos no curto período do evento em Rio Branco no Acre. Embora impregnada de sentimentos utópicos (ou nem tantos) e beirando o romântico (q nunca desgrudará deste poeta, desde pequeno) vale como certo registro, com respeito e admiração, pelo que vocês tem feito pelo Teatro de rua brasileiro.
Na carta que coletivamente realizamos no Acre está como primeiro ponto de solicitação/cobrança para os órgãos e instâncias públicas e privadas, bem como comunidades em geral, a urgente solução da aquisição da delegacia abandonada de Xapuri, terra de Chico Mendes, aos grupos que a tomaram com intervenções cênicas, para desespero do prefeito. O companheiro Amarildo do Grupo Porongas, com Dez anos de estrada, veio nos relatar com sua simplicidade sobre a transformação da tal delegacia abandonada sem teto, só a alvenaria quase em ruínas, em despolpadeira, uma cultura de trabalho que não há na região! Um político cínico e canalha que inventa absurdos para que não haja na cidade balbúrdia e agitação!!! É de doer!! Este absurdo reflete o resto do Brasil, outros Estados passam pelos mesmos problemas. Uma desconsideração da importância da arte na formação do cidadão que não tem condições mínimas de apreciar e deleitar-se com a arte do teatro de rua. Um espaço que é de todos, a rua! Um espaço por natureza dialético de socialização, pois é composto de medos, incertezas, dores e tristeza, mas também pulsa a vida, há certezas e alegrias! Essa Barbárie não pode continuar com o povo do Norte. Mas precisamos que da região venha as dicas de como podemos combater essa dragão! Seja desenvolvendo projetos coletivamente, seja lotando caixas de email de políticos, expedindo cartas de desagravo, criando encontros regionais com a presença de grupos de fora, etc, etc... é preciso agir!

(A)Os companheiros do Norte
Edinho rapaz quieto como a floresta que observa o estrangeiro até entendê-lo, contou sua história e as dificuldades ao pessoal do Próximo Ato e ganhou as passagens estadia e participação no evento em SP. Até em delegacia pernoitou para seguir viagem com o seu trabalho. A sinceridade é a mãe das boas intenções.
Rogério e seu agito agitado circulou o Brasil e a América Latina com a família e amigos, espalhando a alegria do Palhaço Rufino. Boa parte no Brasil com uma Brasilia 78 que no momento está no Ceará. Ficou a Brasilia, mas a alma coletiva vaga pelos circos e lembranças dos povos por onde passou.
César, o cara foi o mais calmo de todos nós no encontro, de fala pensada e calma, uma profunda consciência dos valores e dissabores do fazer teatral no Acre e no Norte.
Juliano e as colegas do Vivarte, vivem assim, sede na periferia, com seus encantos e passes mágicos. São o rapé do teatro de periferia de lá, limpam as vias, becos, acessos e e vielas com o colorido e conscientizador teatro popular. Purificam aquela gurizada que vi nas fotos do orkut do grupo.
Cicero, repentista, multi artista de qualidade e proficiência inigualáveis. Na sua paciência e sinceridade me confirma que é na prática de resistência que sobrevivemos e obtemos a verdade. Ou se desvela a mentira do hipócrita estendido na tua frente diante dos balcões de editais.
Nivaldo Costa, que nunca deu as costas pros amigos quando precisaram, sempre predisposto e risonho, piadista de plantão. Sofri nas piadas de gaúcho, mas mantinha o animo da tropa. Que Manaus o escute, que suas idéias possam se realizar por lá, pegar junto com Diego e demais colegas e fazer acontecer.
Sergio sempre preocupado com a formação, juntamente com Paulo, pedagogo de qualidade, atento a arte-educação. Mandarei com certeza o material do Boal assim que chegar de volta das viagens. Mas vai lá no site Estantevirtual e compra baratinho o que não chega no Acre.
Andréia e Advania (Nena) força nos punhos com o Grupo Trincheira! Que nome de grupo hein?! Lutas e mais lutas. Que vocês revolucionem a cena, mulheres fortes em momentos fortes, é preciso persistência e dedicação constante como vocês.
Lenine, Ed, Claudia, Ágata, Vice-versa, Tcharles, Trash, que vocês mantenham a força da Fetac e demais grupos e artistas de rua. Sim é preciso divisão e aproximação sútil para a felicidade geral da nação acreana. Fetac, grupos, artistas de rua todos juntos em prol da RBTR/ACRE. Missão cumprida com a criação a efetivação da rede no Acre que todos sabíamos que já existia.
Pessoal de Rondônia, Raimundo, Marta e Roberto, companheiros que contribuíram com precisão. Esperamos que vocês desenvolvam a RBTR/Rondônia e uma mostra ou encontro em Ariquemes. Raimundo colega de finalização de carta, junto com Noêmia, Ananda, Sergio, Xisto, bravo pela luta que vocês desenvolvem em Rondônia. Força por aí!
Falo tudo brevemente, mas é um registro de coração.
Que venha o 7º Encontro no Rio Grande do Sul. Viva o Teatro de Rua Brasileiro.

Márcio Silveira dos Santos
Articulador – Porto Alegre/RS
Grupo Teatral Manjericão
(51) 92229471

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