quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dia 01/12/2010 – Quarta – Feira / BANZEIRANDO – Uma Jornada Teatral pelos Rios da Amazônia / Diário de bordo e terra

Último dia no Distrito de Calama e no Estado de Rondônia. Após o café da manhã reforçado com tapioca, doce de leite, salgados e torradas fomos para a Escola Ana Grangeiro. Hoje Léo e Nivaldo (Afonso Xodó e Dorminhoco) fazem a intervenção às 10h e 15h. Foi uma caminhada longa por uma ponte de madeira, velha com tábuas faltando. Todo cuidado era pouco, se ficar muito tempo olhando pra paisagem pode vir a cair de uns 10 metros de altura. Quando o rio transborda, lá pelo final de março, o pessoal consegue pescar de caniço nesta ponte com a água a um metro de distância. Somei as alturas do barranco e da ponte de madeira, o rio chega aproximadamente a 40 metros em tempos de cheia! Esta parte do distrito é mais antiga que a outra que o Manjericão apresentou ontem. Aqui acontecem os festejos de São Francisco e Nossa Senhora Aparecida, nos meses de outubro e novembro. Refletindo sobre a cidade se percebe mais um descaso dos governos. Este lado onde acontecem os eventos culturais a ponte esta velha e comprometendo a vida dos moradores. Na outra extremidade há uma ponte de ferro, firme e com cobertura em toda sua extensão, com uma placa que fala em reforma para breve ao custo de 124 mil reais. Ficamos impressionados com a superfaturação! Enfim, isto é Brasil!
Fomos até a escola, largamos o material e caminhamos no entorno até o local dos festejos. Uma estrutura típica de festejos do interior com barraquinhas de bebidas e brincadeiras, espaço de feira e no centro o pau que serve de mastro central para as bandeirinhas. O espaço a noite funciona, pois há muito lixo no entorno das barracas e nas proximidades do barranco do rio. Aliás, a questão do lixo é um problema seriíssimo nas localidades por onde passamos. Muito lixo mesmo! Sempre procuramos conscientizar por onde passamos, mas é preciso uma educação contínua.
Voltando a escola, em minutos começou a apresentação do Léo como Xodó, depois foi chegando o Dorminhoco, do Nivaldo. Depois da função partimos para o barco almoçar, no caminho brincávamos que a apresentação foi lenta, vagarosa. Foi o décimo dia e o pessoal resolveu propositalmente apresentar no tempo da localidade, no ritmo dos ribeirinhos, bem no balanço da rede. Foi divertido. À tarde o pessoal foi para a apresentação e fiquei escrevendo os relatos, analisando as fotos e vídeos que fiz.
A noite chega e o quiosque central próximo a Igreja matriz já está preparado com refletores, mesa de som, notebook, para as apresentações do velho Justino e Guadalupe. Cai uma chuva e colocamos o público dentro do Quiosque, em torno de quarenta pessoas que aumentou depois da estiada da chuva. Justino chega e sai salpicando suas poesias longas e brincando com o público. Na seqüência quando Guadalupe entra em cena já temos quase 200 pessoas. Encerrada a apresentação os atores conversam com o público, falam do projeto Banzeirando e da receptividade da cidade.
Desprodução feita, jantamos e nos preparamos para partir amanhã cedo para a Cidade de Humaitá, localizada no Estado do Amazonas, estaremos saindo finalmente do Estado de Rondônia depois de 10 dias banzeirando por ele. Há grande expectativa de chegar a Humaitá, porque será a primeira vez depois do início da Jornada que teremos novamente as comunicações de celular e internet.
Vamo que vamo!!


Márcio Silveira dos Santos
Grupo Teatral Manjericão

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