quarta-feira, 16 de março de 2011

Dia 17/12/2010 – Sexta-feira / BANZEIRANDO – Uma Jornada Teatral pelos Rios da Amazônia / Diário de bordo e terra



Pela manhã do 26º dia acordamos com um grande burburinho de muitas pessoas negociando peixes em duas embarcações bem próximas. Logo descobrimos que se tratava de um barco comprador de peixes para a cidade de Porto Velho, o Riso do Mar I, ao lado estava o barco Novo Kim que fornecia peixes Tigre de até dois metros de comprimento, são da espécie sem escamas de couro branco acinzentado cheios de manchas pretas como tigres. Esta negociação ocorria numa lateral do Riso do Mar I enquanto que na frente deste chegavam os peixes com escamas, grandes Tucunarés de até dez quilos, trazidos do mercado da cidade, onde estavam estocados por outros pescadores. O curioso, além das dimensões dos peixes e a forma de manter congelados por dias seguidos no porão do barco abarrotados de gelo, eram duas crianças de descendência indígena. No meio de tanto peixe e muitos homens negociando as cargas que eram jogadas pra lá e pra cá, lá estavam duas indiazinhas degustando potes de iogurte de morango, se lambuzavam com gosto e pediam mais para suas mães que colocavam as conversas em dia enquanto embarcavam as mercadorias para alimentação da tripulação.
Chicão saiu cedo e conheceu um escritor do Amazonas. Marcou uma roda de memória com o Grupo imaginário e meio dia voltaram no barco com o ilustre convidado para almoçar conosco. Falamos de histórias recentes da região e da cultura que embora seja rica ainda carece de muito apoio e difusão do que se faz por aqui. No meio do almoço nosso convidado teve que partir, pois os compromissos com a festa da cidade eram grandes.
A tarde um chuvisqueiro tomou conta da cidade, aqueles que aproveitaram pra lavar roupas se complicaram, pois não parou até chegar a noite quando deu uma trégua para podermos nos deslocar até a arena ou anfiteatro como chamam aqui, mas é semelhante a uma arena de apresentação do Boi. Chegamos lá e observamos o Bosco apresentando uma por uma das atrações. São bandas que concorrem em sua maioria com musicas relativas à floresta e preservação da natureza. Realmente a cidade é bem cuidada e seu povo é culto e ambientalista. No encerramento do Festival houve o show da Banda de Manaus, a Badawera, fiquei impressionado com o vigor físico das bailarinas e bailarinos, uma energia contagiante. Foi só terminar o show da Badawera despencou um forte chuvisqueiro novamente. Nos deslocamos pro barco empapados de água.
Amanhã vamos pra Urucurituba, conhecida como Urucurituba velha, pois a população está abandonando.
Vamo que vamo!!



Márcio Silveira dos Santos
Grupo Teatral Manjericão

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