domingo, 2 de janeiro de 2011

Dia 13/12/2010 – Segunda-feira / BANZEIRANDO – Uma Jornada Teatral pelos Rios da Amazônia / Diário de bordo e terra


Dia longo e estranho. Passamos o dia na calmaria das águas, entre 06h até as 16h navegando tranqüilo, no meio do caminho passamos pela famosa localidade do “Cantagalo”, conhecida como a comunidade que foi soterrada ou sugada pelas águas no início do século passado. O mais impressionante é que há realmente no local uma espécie de enseada ou baia com um tamanho exato das comunidades ribeirinhas. Algumas versões falam que no subsolo habitava uma cobra grande que numa madrugada de festejos “exagerados” ela acordou e toda localidade foi sugada pra dentro das águas e somente uma senhora e uma criança sobreviveram. O nome diz o povo daqui que se deve ao fato de ainda hoje se ouve o galo da madrugada cantar embaixo da água.
Passamos tranquilamente pelo Cantagalo, mas foi só chegar à cidade de Borba e sua imponente estátua de Santo Antônio de Borba, lá pelas 16:30, para um temporal intenso desabar. Mal atracamos e logo a chuva e o vento empurravam todas as embarcações contra o barranco alto. Foram quase duas horas de tempo ruim, findado a tempestade o comandante resolveu levar a embarcação para outra parte mais segura do barranco. Mas infelizmente já era noite e o escuro prejudicou muito nossa pernoite na cidade que mais parecia uma cidade abandonada. Somente a missa noturna mostrava a existência de vida humana na cidade naquela hora.
A chuva voltou torrencialmente e a cidade ficou com aspecto sombrio, via-se somente o gigantesco Santo, talvez uns 50 metros de altura, iluminado com luzes de natal. Chicão após analisar que a cidade não proporcionava acolhida aos barcos não disponibilizando pontos de energia elétrica, todos os barcos estavam às escuras, o melhor seria deixar de lado os dois dias na cidade em troca de um dia na vila próxima daqui, a vila Caiçara. Ficaremos esta noite aqui e logo cedo partimos para Caiçara, que o nome me agrada muito, tem nome indígena e não de santo.

Vamo que vamo!!


Márcio Silveira dos Santos
Grupo Teatral Manjericão

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